terça-feira, 4 de maio de 2010

O fado não é triste, o fado é a vida. E a vida é.
Se murmura por entre as pedras da calçada em soluços é porque seguiu as frinchas que o caminho tinha.
Que se pode esperar?
O destino tem um saiote de tule de onde se vislumbram umas cuecas de velha. E cada camada é enlaçada em outra.
O destino não é feio, é um caminho. E a paisagem é.
Que se pode fazer?
O amor vestiu um corpete de veludo escarlate com borradelas de ouro. Pintou-se de pós e purpurinas. E chorou até melar tudo.
O amor não é triste, é parte. E a parte somos nós.

sábado, 1 de maio de 2010

Hoje esqueci-me de coisas. De pedaços de mim que não encontro. Berloques mal colocados nalguma gaveta. Pedacinhos que não consigo encontrar por mais que desarrume. Esqueci-me dos sonhos e dos saltos estilhaçados debaixo da carpete numa varredela preguiçosa. E o ímpeto foi empurrado com o pé para trás do jarro. Na confusão fui-me perdendo, desarrumando o caminho.