segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Para a Sílvia

Poderei eu dar minha vida às mãos suadas de um estranho?
Um pica de púrpura à meia porta à meia luz.
Ou entregar à doçura da inocência ainda não perdida o raiar de um beijo?
Dar o pé à tangente e não ao mar.
Viver a fé em homens que escrevem poemas de amor fugazes e torpes, ou sucumbir à promessa de amor tranquilo da mãe terra?
Todos os rios lhe fogem, mas a força gravitacional que me empurra desgastou-se e fez-se desprezada.
Resta-me virar costas ao horizonte e abraçar a solidez macia de sete troncos nus.
Pousar a cabeça em fios de seda e sede bordados com lágrimas carpidas e deixar que as folhas me cantem uma última canção de embalar.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Encontro no beco momentos entrançados em fios soltos de tempo.
No chão estão esferas sólidas sem sentido e sangue... E ocas!
O gueto tem um gato gaguejando gritos grisalhos. Cheira a mofo e folhas podres sem tinta.
As paredes derretem em volta do prato do tempo. Entre as cores e a vertigem fica a sombra.
A gigante boca vorticosa que suga e gorgoreja Homens e os cospe numa chuva binária que desce no tal gato, que mudo, vê as pingas florescerem.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Gosto muito de Radiohead, mas geralmente só ouço quando estou prestes a mudar qualquer coisa na minha vida. Esta música tem um efeito muito bom em mim. Faz com que tudo seja possível, porque geralmente é. Entre os livros e canetas espalhados pela mesa e o caminho para o portátil há espaço para um lusco-fuso de contemplação.