Não costumo ler o jornal, não gosto. Não sou dessas pessoas que acha o jornalismo um primo pobre dos outros tipos de literatura. Apenas acho que os jornais são demasiado grandes, não em extensão, mas em tamanho. Como adoro cinema passei recentemente a comprar o Expresso, pois em parceria com a Visão lançou uma colecção de filmes de Pedro Almodôvar. Juntamente com o jornal vem uma revista chamada Revista Única que fala também de assuntos da actualidade e relata as notícias, embora de forma mais tendenciosa. Ao ler a revista da semana passada enquanto ia no comboio encontrei um artigo da Inês Pedrosa que me deixou a pensar que existem muitas raparigas como eu que lutam num mundo tão machista e que reclamam e reclamam para mudar a tendência enquanto existem outras que continuam a baixar a cabeça e a dar razão aos homens que não deixam este país andar para a frente.
Estamos pouco habituados a ver na Assembleia da Republica uma grande representação feminina, simplesmente se convencionou que a politica não é coisa de mulher. E todos parecem aceitar. A mesma coisa se passa com muitos outros cargos e carreiras. Neste artigo a jornalista fala de um programa onde se debatia se as mulheres eleitas por quotas iriam ser menos respeitadas por isso mesmo. Uma mulher que defendia que era uma medida necessária. Três outras pessoas (a moderadora inclusive) discordavam berrando-lhe argumentos para cima. Ponto da situação, se até algumas mulheres neste país são coniventes com o machismo e chauvinismo inato aos países latinos como raio é que as vamos ver a florescer nos vários ramos. Se não habituarmos a sociedade quadrada em que estamos desta forma, lentamente, como é que vamos chegar ao futuro?
"Temos mulheres incríveis na nossa História mas a história das mulheres deste país está por fazer" Henrique Levy
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Há 43 minutos
2 comentários:
As mulheres eleitas por quotas terão que ser tão respeitadas quanto os homens eleitos por quotas. A lei da paridade é isso mesmo: dar representatividade ao género que se encontra em menor número numa dada lista candidata num processo eleitoral. E sobre esta lei já mudei de opinião muitas vezes. Comecei por achar que era ela própria discriminatória, depois conheci-a melhor e apercebi-me que não. Que obrigava os meios em que a mentalidade (não legislável) teima em não mudar e obrigava a que o género menos representado tivesse lugar na lista. O respeito adquire-se depois de eleito, na pior das hipóteses. Porque o trabalho de cada um acaba sempre por ser reconhecido por alguém. Ou seja, por muito que tenha sido a quota a colocar-nos lá, depois temos capacidade mostrar que o merecemos. No entanto penso que a lei poderia sofrer algumas alterações. Devidamente justificado com a dificuldade por número ou vontade, de arranjar os 30%, ou por situações de má representação enquanto eleitos. Porque muitas vezes chegamos a situações em que damos lugar a umas pessoas em detrimento de outras e acabamos por arrepender por não haver espaço para todos. É de facto um dilema moral esta lei, mas penso que poderemos usa-la como o primeiro passo, e que daqui a uma década este processo seja natural e não precise de legislação: aí os casos de descriminação estarão tratados, e ficarão só os bons elementos que o merecem por qualidade.
É como aquela série de uma médica no tempo em que não existiam médicas. Ela vai para o meio do nada e luta para ser aceite, as pessoas acaba, por se habituar a ela e aprendem a ver as qualidades e a competência que o cargo lhe exige. O mesmo irá acontecer com as mulheres na política (espero).
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